"Corpo Abrigo"

"Onde quer que eu vá estarei sempre comigo - neste corpo, neste abrigo".

Acolher-me é parte de meu autocuidado, meu autoamor.

O que eu faço quando me sinto muito triste?

Simplesmente, choro... choro... choro. Deixo meu "corpo abrigo" se manifestar; ouço a tristeza de minhas lágrimas salgadas rolando pela minha face. Enquanto atravessam meu rosto sinto o gosto do sal, do salgado da Vida. As lágrimas são emoções reprimidas que pedem passagem para serem sentidas. Liberar essas águas presas na dor nos traz alívio e sensação de paz.

Enquanto sinto o sal em meus lábios surge a imagem do mar. Sim, o mar - esse lugar que é imensidão, profético, tenebroso, mas ao mesmo tempo acolhedor. Ora surge em tons de verde, por vezes, em tons de azul, cinza, ou branco espumante - não importa. O mar é amor, é colo, é lugar acolhedor.

É onde posso sentir meus pés pisando o chão firme, embora seja, também, areia movediça. É preciso saber bailar sobre essa areia movediça. Não temas - tenha coragem, pise firme e com confiança. Se te atentares, perceberá uma força propulsora que te elevará sobre cada grão de areia a navegar com as águas - daqui pra lá, de lá pra cá.

Deixe teu corpo te levar neste mar da vida; apenas confie e pise firme, sentindo a água fria que vem, a água quente qua vai. Somos vivos e estamos vivos; frio ou quente, entregue-se à temperatura da Vida. VIVA!

Aproveite cada passo dessa jornada que te abre possibilidades mil, desde o nascer do sol até o crepúsculo. Dia e noite; luz que nos desperta para continuar; escuro que nos convida a repousar. Sim, este corpo que abriga pede descanso e, ao despertar pede um novo movimento; é um fluxo constante de energia.

"Onde quer que eu vá, estarei sempre comigo - neste corpo, neste abrigo"!

Ana Maria Favero Martin

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